Bolsonaro planeja acabar com o abono salarial para pagar R$ 300 aos beneficiários do Bolsa Família. Medida não impede que sejam feitos os saques do Fundo PIS/PASEP, cujo prazo termina em 2025. Entenda

Por: Rosely Rocha/CUT

Muitos trabalhadores e trabalhadoras querem saber como ficarão os saques do PIS/PASEP se o governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) realmente acabar com abono salarial anual, como o presidente disse na semana passada que faria, com a desculpa de usar o dinheiro para aumentar o valor pago aos beneficiários do Bolsa Família.

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Para tirar as dúvidas sobre o abono salarial, o Portal CUT ouviu o economista Clovis Scherer, do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que assessora a CUT no Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

Segundo o economista, os recursos para pagar o abono salarial no valor de um salário mínimo (R$ 1.100), a quem tem carteira assinada e ganha até dois salários (R$ 2.200) não vem mais do Fundo PIS/PASEP como no passado. Atualmente, os recursos para pagar o abono salarial vêm do Fundo do Amparo do Trabalhador (FAT).

Isso significa que o fim do Fundo do PIS/PASEP não interfere no pagamento do abono salarial. E caso Bolsonaro acabe com o abono salarial, não há interferência no saque das cotas dos valores que restam nas contas do extinto Fundo PIS/PASEP. Os dois benefícios não têm mais a mesma origem.

“Ocorre que muita gente diz que vai sacar o PIS, devido à sua origem, quando na verdade vai sacar o abono salarial. O Fundo PIS/PASEP parou de ser alimentado, receber recursos, mas os saldos nas contas individuais dos trabalhadores que não foram retiradas até agora estão lá à espera dos seus titulares ”, diz Scherer.

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Sobre as cotas
Em 1988 o PIS/PASEP, que pagava cotas aos trabalhadores uma vez ao ano, deixou de receber recursos de tributos pagos por empresas.